segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Apontamentos de Aula 08/09/08

APONTAMENTOS DE AULA: 08/09/08

ÁRIO E O CONCÍLIO DE NICÉIA



Texto: SESBOÜE, B. (org). História dos dogmas I. Loyola: São Paulo, 2002. 206-226 p.


I - A HERESIA DE ÁRIO E O CONCÍLIO DE NICÉIA

a) - O início do conflito: Ário e Alexandre em Alexandria


O conflito era, incialmente, um conflito paroquial.
Haja vista que Ário era uma pessoa influente,
e, diferentemente do que dizem,
seu caráter não suponha um terrível demilodor da Igreja,
ao contrário, sua convicção parte da sua vivência em sua coerência religiosa (p. 208)

Porém, a situação chegou a tal ponto que o bispo Alexandre - que foi bispo de Ário,
pediu ao mesmo para que revisse o seu pensamento,
pedido, no entanto, sem êxito.

b) - a doutrina de Ário: uma convicção "monarquiana"


O pensamento de Ário, que também pode ser chamado de subordinacionismo,
compreende que há um hierarquia na Trindade.

Essa intuição,
da compreensão da Trindade como hierarquia,
surgiu diante da seguinte pergunta: 'Como entender o Filho?'

A reposta oferecida por Ário,
foi a de que

o Filho teve um começo no tempo
(gerado no tempo)

para Ário, dialogando com a mentalidade (transcendente) do pensamento grego,
Deus é Deus antes de ser Pai.

Não podemos esquecer que o arianismo pensa o cristianismo
no interior dos esquemas neoplatônicos. (p. 216)

Aqui, vemos resguardado o Deus Totalmente-Outro,
característica fundamental para os pensadores gregos.

c) - a dotrina de Ário: uma convicção cristológica
Uma vez que, sendo o Filho criado no tempo,
o Verbo é inferior ao Pai.
Logo,
Jesus é um 'Deus' inferior,
pois um Deus verídico não teria suportado tantas humilhações.



d) - A reunião do Concílio de Nicéia


O Concílio de Nicéia (aproximadamente 20 de maio de 325 - 19 de junho de 325)
Foi convocado por Constantino, o imperador da época.
Com Nicéia, a Igreja acredita viver um sonho:

o império, até então ameaçador e perseguidor vem em seu socorro e toma a sua defesa.
(...) porém, a preocupação imperial permanecerá, antes de tudo, política. (p. 210)
e) - A definição de Nicéia

Resumindo: O Concílio de Nicéia gira em torno da palavra consubstancial,
- do grego homoousios; do latim consubstantiālis
palavra que ficou impressa e expressa no Credo Niceno-Constantinopolitano:



Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso, Criador do céu e da terra,
de todas as coisas visíveis e invisíveis.
Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Único de Deus,
nascido do Pai antes de todos os séculos:
Deus de Deus, Luz da luz,
Deus verdadeiro de Deus verdadeiro,
gerado não criado, consubstancial ao Pai.
Por Ele todas as coisas foram feitas.
E, por nós, homens, e para a nossa salvação,
desceu dos céus: e encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Maria Virgem, e se fez homem.
Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos; padeceu e foi sepultado.
Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as escrituras;
E subiu aos céus, onde está sentado à direita de Deus-Pai.
E de novo há de vir, em sua glória, para julgar os vivos e os mortos;
e o seu reino não terá fim.
Creio no Espírito † Santo, Senhor e fonte de vida,
que procede do Pai; e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado:
Ele que falou pelos profetas.
Creio na Igreja Una †, Santa, Católica e Apostólica.
Professo um só batismo para remissão dos pecados.
Espero a ressurreição dos mortos;
E a vida do mundo que há de vir.
Amém.

Vem expressar que o Filho é gerado pelo Pai,
antes de todos os séculos.
O termo redobra fortemente, de maneira especulativa,
a linguagem escriturística que fala da geração do Verbo. (p. 214)
Portanto,
Não é Filho ou Verbo,
porém,

Filho e Verbo,
da mesma substância do Pai (do ser do Pai)
e não-fabricado, mas é desde sempre! (gerado pelo Pai!)
 

f) - A "virada"  de Nicéia, evento dogmático

 
Em Nicéia, inicia-se a linguagem dogmática na vida da Igreja.
Não nos esqueçamos que,
mesmo o termo consubstancial não sendo bíblico,
o mesmo expressa, hoje podemos interpretar,
a tentativa eclesial de diálogo com o mundo circundante,
que, no contexto, era o mundo greco-romano.

Também vislumbramos a importância da interpretação,
que, ao invés de mudar a verdade,
emprega palavras novas para conservar o sentido antigo
e para resolver 'de verdade' o conflito. (p. 216)


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